Inclusão e autonomia

por Afonso Lamounier – presidente do Instituto Talentos

21 de março é o Dia Internacional da Síndrome de Down. Essa alteração genética, que está presente na espécie humana desde sua origem, levou muitos anos para ser desmistificada, não ser considerada doença e para que as pessoas com a Síndrome tivessem seus direitos reconhecidos.

Em que pese o comprometimento intelectual e as possíveis dificuldades físicas e cognitivas, as pessoas com Síndrome de Down têm muito mais em comum com todo o restante da população, do que diferenças. Essa compreensão foi fundamental para que a Educação Especial fosse incluída na Lei do Estágio, como ficou conhecida popularmente a Lei 11.788/2008 que normatiza as atividades preparatórias para a vida profissional dos estudantes, no Brasil.

Assim como acontece com todas as pessoas, para as que têm a Síndrome de Down, a superação de desafios e o protagonismo diante do que está posto, também são caminhos que conduzem a um lugar digno na sociedade. Os grandes vilões nesse processo ainda são o preconceito e a discriminação e, se por um lado, as limitações impostas pela Síndrome tornam os desafios maiores, maior também é a realização do jovem que alcança sua autonomia superando até mesmo a baixa expectativa que a sociedade tem em relação ao seu futuro.

E qual o melhor caminho para conquistar uma existência autônoma que o trabalho? O ambiente profissional pode auxiliar no desenvolvimento de responsabilidades, relacionamento interpessoal e, sem dúvida, contribui para que habilidades natas do ser humano sejam potencializadas e favoreçam uma melhor qualidade de vida. No caso de quem tem a Síndrome, a realidade é similar, pois essa oportunidade de pertencimento ao grupo reforça a autoestima e a compreensão de que é possível sonhar e realizar. Não por acaso, a própria ONU (Organização das Nações Unidas), no artigo 27 da sua convenção, determina que “todos têm direito a oportunidades iguais de trabalho”. No Brasil, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é incentivada, entre outras formas, com subsídios para as empresas contratantes.

Em nossa trajetória, temos visto de perto como a conjugação criteriosa das particularidades e potencialidades das pessoas com deficiência, proporciona experiências enriquecedoras a todos os envolvidos, pois, independentemente dos cromossomos que levamos na carga genética, temos em nós a capacidade de sentir, amar, aprender e trabalhar. É nisso que acreditamos e é para isso que investimos: inclusão e oportunidade para todos!